CNH sem autoescola pode ficar até 80% mais barata; afirma governo

Especialistas criticam a nova proposta do governo para tirar carteira de motorista
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  O  governo  federal  apresentou  um  projeto  que  pode  mudar  a  forma  como  os  brasileiros  tiram  a  Carteira  Nacional  de  Habilitação  (CNH).  A  proposta  anunciada  pelo  ministro  dos  Transportes,  Renan  filho,  prevê  o  fim  da  obrigatoriedade  de  frequentar  auto  escolas,  que  pode  reduzir  em  até  80%  os  custos  do  processo.
  Hoje,  o  valor  médio  para  obter  a  habilitação  gira  em  torno  de  R$  3.215,64,  sendo  que  cerca  de  77%  desse  montante  corresponde  aos  serviços  prestados  pelos  Centros  de  Formação  de  condutores  CFCs).  O  projeto  inspirado  em  práticas  internacionais,  quer  democratizar  o  acesso  a  carteira,  especialmente  para  jovens  de  baixa  renda.
  “Atualmente,  cerca  de  40  milhões  de  brasileiros  estão  em  idade  legal  para  dirigir,  mas  muitos  ainda  não  possuem  Habilitação,  em  grande  parte  devido  ao  alto  custo  do  processo  atual”,  apontou  a  pasta.
  O  projeto  altera  a  obrigatoriedade  das  aulas  práticas  e  teóricas.  Com  a  nova  proposta,  o  candidato  poderá  contratar  um  instrutor  credenciado  individualmente  ou  estudar  por  conta  própria,  submetendo-se  apenas  às  provas  teórica  e  prática,  como  já  acontece  em  vários  países.
  Segundo  a  pasta,  esses  instrutores  deverão  estar  cadastrados  nos  Detrans  e  na  Secretaria  Nacional  de  Trânsito  (Senatran).  A  iniciativa  busca  também  enfrentar  um  dado  preocupante:  39%  dos  proprietários  de  carros  no  Brasil,  dirigem  sem  habilitação.  No  caso  das  motocicletas,  o  número  chega  a  45%.
  Apesar  das  mudanças,  o  governo  garante  que  as  autoescolas  não  deixarão  de  existir.  “Continuarão  disponíveis  para  quem  quiser  aprender  de  forma  tradicional.  Não  estamos  extinguindo  as  autoescolas,  mas  oferecendo  alternativas”,  explicou  Renan  Filho.
  Especialista  do  setor  veem  a  posposta  com  preocupação.  Para  a  educadora  de  trânsito  Márcia  Pontes,  referência  nacional  na  área,  a  medida  pode  comprometer  ainda  mais  a  segurança  viária  no  Brasil.  Ela  lembra  que  o  país  está  entre  os  que  mais  matam  no  trânsito  e  que,  apesar  das  falhas,  o  atual  modelo  é  o  único  instrumento  estruturado  de  formação  de  condutores  em  vigor.
  O  Brasil  não  seria  o  primeiro  país  a  permitir  a  obtenção  da  CNH  sem  passar  por  autoescolas.  Modelos  semelhantes  já  existem  em  muitos  estados  Americanos,  basta  ter  a  idade  mínima  e  passar  nos  exames,  na  Argentina,  México,  Reino  Unido,  Japão  Suécia,  Estônia  e  Austrália. 
  Nesses  países,  também  ´´e  permitido  estudar  de  for  autônoma  ou  com  instrutores  independentes,  sem  necessidade  de  matrícula  em  autoescola.
  A  adoção  de  modelos  mais  flexíveis  tem  como  foco  a  autonomia  dos  candidatos,  a  inclusão  de  pessoas  de  baixa  renda  e  a  redução  de  custos,  sem  abrir  mão  das  exigências  para  garantir  segurança  no  trânsito.

 
  Por Rede de Notícias | Mendes Junior

 
  fonte: Correio Braziliense